segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Satsujin-ken 2 (aka The Return of the Street Fighter) - 1974

Cá está a primeira sequela do imoral Tsurugi, no entanto aqui com mais moral que no filme anterior (o grande handicap deste filme.) O dispositivo narrativo de Satsujin-ken 2 é semelhante ao primeiro: começa com Tsurugi a executar um trabalho sujo a troca de dinheiro; descobre mais tarde, apesar daqui já desconfiar, que os homens que o contratam fazem parte da máfia (aqui italiana, não yakusas – golpe de génio), o que o faz rebelar-se contra a escumalha; até surge, de novo, o seu arqui-inimigo Shikenbaru (Masashi Ishibashi, que tem um excelente rosto), voltando a confrontar-se com ele à chuva, num excelente combate. A diferença substancial entre os dois filmes, como referi, é a atenuação do misantropismo crónico de Tsurugi, que aqui exibe uma certa compaixão em relação a Kitty (Yôko Ichiji, sua sidekick) e respeito "paternal" para com Masaoka (Masafumi Suzuki). Masaoka fora o “branco” mestre de karaté que, em Street Fighter, derrotou Tsurugi mas no final do combate mostrara-lhe compreensão, pela sua raiva incontida, e confiança na protecção da rica herdeira. Nesta segunda parte, Masaoka é pedra no sapato para a organização italiana, pois começa a desconfiar do desvio de fundos que inicialmente iriam para um centro de estágio desportivo de artes marciais. Tsurugi, não querendo eliminar Masaoka, rebela-se então contra os seus contratantes (e será perseguido de novo, lá sabe ele demais sobre a tramóia.)

O negro e escabroso filme inicial dá agora lugar a um technicolor (não resplandecente) que faz com que o protagonista numa cena de sauna(!) use calções de licra às riscas brancas e vermelhas. Onde no primeiro ele roubava violentamente os beijos às protagonistas, aqui há uma cena de sexo, quase d’amor. Aqui o final é grandiloquente, uma espécie de Scarface, do de Palma, mas em vez de machine-guns e cocaína é porrada da curta e grossa. No primeiro o final até era auto-sacrificial (SPOILER IMPORTANTE! NÃO ME DIGAM QUE NÃO VOS AVISEI!!!!!!) porque Shikenbaru, na tentativa de eliminar Tsurugi, teve que perfurar com uma adaga a sua irmã – não resultou, aliás, além de perder os irmãos (o outro irmão caiu da janela no início do filme) fica sem garganta.

O problema deste filme é ter sido feito à pressa no mesmo ano que o anterior: nota-se claramente na mais curta duração do filme; nos 20/30 minutos de película sem Chiba; nos múltiplos, e longos, flashbacks que nos retornam às cenas do primeiro; e claro na história “vira o disco e toca o mesmo”. Faz isto tudo Satsujin-ken 2 fazer má figura? Em relação ao seu antecessor: sim; em relação a 83,2% de filmes de porrada: não.

Aqui está um plano que, apesar de bonito, jamais apareceria no 1º.

4 comentários:

The movie_man disse...

... vou ver esta continuação. Estou ansioso. 5ª feira conta com o Drunken Master e o Snake in the Eagle's Shadow.

JoÃoP disse...

Tá-se bem, não te esqueças. Não esperes maravilhas desta sequela, mas é melhor que muita tanga qua anda por aí. Hoje à noite talvez veja a terceira parte. Abraço.

The movie_man disse...

acabee veeta sequela e muitas deviam ser assim. Inferior ao primeiro, é certo, flashbacks demasiado longos com cenas do primeiro, correcto (devido ao que disseste no post) mas é bem bom, o raio do filme. Que venha o terceiro.

JoÃoP disse...

É um filme porreiraço, sim senhor. Graças ao Sonny Chiba lá consegue atenuar o cheiro a reciclagem.