quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Masters of Horror: Cigarette Burns – 2005; Pro-life – 2006

Foram estes dois filmes que John Carpenter fez para Mick Garris, cabecilha da série Masters of Horror. Ambos escritos por Drew McWeeny e Scott Swan, e certamente por isso, acabam por formar um díptico curioso. Em Cigarette Burns Kirby (Norman Reedus, uma boa revelação) é contratado por Bellinger (Udo Kier, fabuloso! de tão sinistro) para procurar um missing movie “La Fin Absolue du Monde” pagando-lhe uma quantia exorbitante por tal empresa. Como Kirby está atolado em dívidas, e juras de honra, desce ao inferno à procura dele. Contudo só o aceita fazer quando vê a relíquia que Bellinger esconde, um mutilado anjo agrilhoado na sala de estar. No filme mais recente, Pro-life, Carpenter coloca em cena uma moça, Angelique Burcell (Caitlin Wachs), que quer fazer um aborto, pois acredita que aquele “filho” é fruto de uma violação demoníaca. O seu pai, Dwayne (Ron Perlman, e será inocente este casting? Hellboy…), e os seus irmãos estão no entanto empenhados (uns mais que outros) a impedir que tal aconteça, pois acreditam que vai contra os ensinamentos de Deus. Dwayne julga até ouvir Deus. Para o fim do episódio o demónio violador aparece das profundezas para reclamar a paternidade do filho, e levá-lo consigo, matando todos aqueles que lhe façam frente.
Surge nesta dualidade a curiosidade que une os dois episódios (sendo o primeiro o melhor dos dois, talvez o melhor da série até agora): no Cigarette o mutilado anjo no final fica com as bobines do filme, que Kirby encontrara, ficando livre da maldição que o prendera à terra, ao contrário do demónio no Pro-life, que após a morte do seu filho (Angelique, fazendo jus ao seu nome, mata-o), fica para sempre ligado à terra.
Dwayne, como devoto a Deus, acaba por soltar o demónio do sub-solo para a terra; Bellinger, pouco católico que é, acaba por soltar o anjo do solo para o céu. E assim Carpenter volta, e bem, a filmar a religião.

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