terça-feira, 21 de agosto de 2007

Manhattan Murder Mystery - 1993

É um facto, quase consensual (abençoados estes quases), que desde os inícios dos anos 90 a chama de Woody Allen começou a desvanecer. Dizem que Allen começou a optar por correr na roda dos hamsters. Posso até concordar nalguns casos e nalguns aspectos, noutros nem por isso. Continuo (ou o que resta na minha memória continua) a achar irresistíveis o Husbands and Wives, o Bullets Over Broadway, o Everyone Says I Love You, e alguns outros. Não é difícil ver que muitas vezes os temas repisam solo por ele já melhor explorado, mas não deixam de ser filmes deliciosamente sarcásticos e inteligentes à sátira a que se propõem.
Contudo Manhattan Murder Mystery é um filme em tom menor de Allen. À imagem de The Curse of the Jade Scorpion (também uma desilusão) este filme antecede-o na paródia/homenagem aos filmes noir, que são uma herança assumida de Allen, onde neste caso as mulheres são as verdadeiras detectives (não o sendo) e alimentadoras da intriga (nos filmes noir, geralmente, também eram elas a alimentar a intriga, mas no caso dos filmes de Allen a coisa é substancialmente diferente.) Larry (Woody Allen) e Ted (Alan Alda) são os homens que passivamente vão a reboque dos devaneios histéricos e descabelados de Marcia (Angelica Huston) e, essencialmente, de Carol (Diane Keaton). São até projectados em tela dois filmes noir clássicos Double Idemnity e o Lady from Shangai (este até recebe honras de ele próprio, o filme, pôr o fim à intriga.)
Típico em Allen filme bom ou menos bom (não é para ser politicamente correcto, mas acho que ele ainda não fez um mau filme) é haver pelo menos três piadas geniais (descontando os dramas que ele tão bem filmou), não em termos de enredo mas sim da sua escola de stand up comedy. É por elas (piadas) e por elas (mulheres) que vale sempre arriscarmo-nos a ver um filme de Woody Allen.

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