quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Ratatouille – 2007

Remy, rato do campo de paladar e olfacto apuradíssimos, arrasta, com culpas, toda a sua família para Paris, cidade de fantasias gastronómicas requintadas. Inicialmente separado dela, da família, nas bifurcações dos esgotos, acaba, com a fome e solidão, por imaginar a aparição do seu ídolo Gusteau, chef de renome mundial, que o alimentará de esperanças e sonhos. Remy sobe, dos esgotos, ao cume da cidade, quer literalmente (ok, não sobe até ao topo da Torre Eiffel, mas não deixa de ser muito bonita aquela panorâmica sobre a Paris digital, de onde ele está, assim como toda essa sequência da escalada, que inclui uma piada com duas personagens saídas, certamente, do romantismo descabelado de Godard), quer gastronomicamente. No entanto esta última parte, a verdadeira concretização do sonho, virá a custos, e só através de uma aliança formada com Luinguini, moço inadaptado, e igualmente sem família, que recolhe o lixo no já “não na berra” restaurante de Gusteau. A forma como eles lá chegam é o filme, e é razão para todos o irmos ver e rever. Pois Brad Bird, à semelhança de The Incredibles, consegue integrar, de forma simples e inteligente, a família de Remy de novo na história sem nunca abdicar da individualidade do bicho (e de todas as outras personagens), coisa que não me recordo que a Disney alguma vez tenha feito. E claro que com isto quero dizer que aqui há personagens consistentemente bem feitas, piadas excelentes e moralismo bem esculpidos à lá Disney. E o deslumbrante digital que ainda me surpreende.

Moral da história (à lá Pixar): ao contrário do conto clássico, o rato, vindo do campo, adapta-se, com sacrifícios, à cidade. E assim se dá a volta por cima dos clássicos sem, necessariamente, os renegar. Será que a Pixar está a produzir uma melhor geração de crianças que as anteriores? Nã… nã me parece. Utopicamente o futuro como nos é ensinado no cinema, e não só, é frio, cinzento, calculista e maquinal.
Lá vou eu chover no molhado. É minha opinião, como de n fulanos, que a Pixar anda a produzir dos melhores filmes da actualidade. Mais um para as contas finais, se é que as farei…

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