quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Masters of Horror: Homecoming – 2005; The Screwfly Solution – 2006

Joe Dante, sob a asa de Mick Garris, juntou-se ao argumentista Sam Hamm (que acredito que vá dar cartas no futuro, e que aqui adapta duas short stories) para fazer os seus dois episódios para o Masters (o primeiro, de novo, é superior ao segundo… mas tomara muitos… tomara.) Ambos os filmes são politicamente empenhados, e andam de ferrão à mostra.
No de 2005 Dante faz uma sátira feroz (será isto uma paródia?) aos avanços militares do Estados Unidos sobre o Iraque. Sob um desejo sentido de David Murch (Jon Tenney) - para ele nada mais o satisfaria se pudesse trazer de novo, à vida, os soldados mortos em combate - uma horda de zombies levanta-se dos caixões e começa a dirigir-se em direcção às urnas de voto para derrotar a administração que os colocara no Iraque, da qual faz parte David Murch (e o nome Iraque é dito no filme, portanto este é um filme do presente.) Mexendo um cordelinho ou outro (e Florida também é nomeada no filme) a administração volta a ganhar, fazendo com que uma nova horda de zombies se erga (vêm das campas de todos os cemitérios militares, Vietnam, 2ª Grande Guerra, Coreia, etc – um aparte que muito gostei, o primeiro a levantar-se desta nova horda tem o nome de Jacques Tourneur.) Essa nova horda já não vem então para votar, vem sim para angariar novos apoiantes para sua causa, e para ser um deles basta só estar morto. Matar torna-se então num gesto político (talvez ao contrário da guerra.)

The Screwfly Solution parte do princípio que um vírus anda a contaminar o género masculino fazendo com que estes se tornem violentamente misóginos. O vírus, altamente contagioso, anda então a alastrar-se pelos subúrbios, pelas cidades, pelas vilas e aldeias deixando as mulheres indefesas e encurraladas. Alan (o saudoso Jason Priestley) anda a investigar o caso até que ele se começa a alastrar para as suas zonas. Não se submetendo ao castrador químico – única maneira de, inibindo as suas pulsões sexuais, impedir o alastro de violência e mortes – Alan acabará por perseguir as mulheres da sua família. Vem-se a descobrir mais tarde que isto tudo fora um vírus disseminado por aliens de contornos femininos - um pouco semelhantes às figuras esguias do Inteligência Artificial de Spielberg - e lá nos é baralhado tudo de novo. Dante faz aqui outra sátira, mas neste caso, à masculinidade (e aqui há cenas de sexo, ao contrário de alguns outros que masculinizam as mulheres, because it’s cool, mas nada de sexo, só conversa (é piada, não se exaltem.)) Tudo isto entremeado com estática de tv, como se o vírus estivesse a atacar o nosso televisor e, consequentemente, nós.

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