sábado, 29 de setembro de 2007

Goya’s Ghosts – 2006

Não sendo um conhecedor exemplar (que raio de palavra que fui arranjar… que se lixe) de obras cinematográficas históricas no geral, nem da obra de Milos Forman em particular, e ao contrário dos clamores de alguma crítica nacional, eu achei estes fantasmas bem interessantes. De Forman só conheço o comovente Man on the moon e o muito sobrevalorizado One flew over the cuckoo’s nest. Portanto dele poucos juízos posso formar apesar da alta reputação que goza como realizador. Mas indo somente pelo filme…
Que não sendo, nem será certamente um dos meus eleitos nas finais lista da praxe (aqueles balanços que se fazem, quando pouco se tem a fazer… balanços esses que, de tal forma balanceiam, acabam por não ter qualquer sentido para além do prazer ridículo que proporcionam), não deixa de ser um filme com algumas subtilezas que me agradam. Numa coisa estou de acordo com algumas críticas que li, as actuações de dois protagonistas não são convincentes. Stellan Skarsgård e Natalie Portman (esta, com muita pena minha, sai-se muito mal por vezes) acabam, em muitos dos seus momentos, por me defraudar. Distraí-me, saí do filme, que como é óbvio tem claras pretensões de rigor.
Mas apesar disso, que não é pouco, a reconstituição histórica do filme parece-me ser muito bem conseguida. Os dramas nele vividos entrelaçam-se muito bem narrativamente. E é nesse entrelace, ou nessa forma de entrelace, que mais interesse lhe acho. Apesar do título, inicialmente, nos fazer crer que vamos ver um biopic de Goya (Stellan Skarsgård), acabamos é por ver um filme alicerçado naquela personagem mas que em ambos os lados carrega dois fantasmas, Lorenzo (Javier Bardem, de se lhe tirar o chapéu) e Inés (Natalie Portman), com tanto protagonismo quanto ele. Como se Goya fosse o centro de uma balança de pratos e os outros dois, ao seu olhar (como fantasmas), criassem e arruinassem o seu equilíbrio. Goya é portanto, e não mais, que uma de três personagem que, sem peso na narrativa (isto é, o fluxo histórico passa por ele sem o alterar), soçobra somente perante os desequilíbrios dos dois fantasmas que o rodeiam (há um terceiro que surge no terceiro terço do filme, Alicia (também Natalie Portman, infelizmente, mas faz sentido), com outro peso e que também lhe dará outro rumo). E daí até achar excelente aquela elipse temporal de alguns anos (15, se não estou em erro), que narrativamente parece vir a martelo mas que faz algum sentido visto assim. Após o desaparecimento de Lorenzo, e a prisão de Inés, restitui-se o equilíbrio a Goya: Fade out. Fade in: O equilíbrio desfaz-se quando o retornado Lorenzo vem abrir as portas, que encarceraram Inés, voltando com ele os jogos de balança. Que, de novo, só se equlibrará (quebrará?) com o seu linchamento público.

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