terça-feira, 18 de setembro de 2007

Death Race 2000 – 1975

Filho da New World (produtora de Roger Corman) Paul Bartel, como seria de esperar, sabe poupar. Poupa nos planos, nos efeitos especiais, no guarda-roupa e na conversa de chacha. O que me surpreende nesta primeira geração de “filhos” de Corman é exactamente essa secura, pois seguiram os ensinamentos do “pai” e raramente pretenderam mudar de rumo (geralmente aplaudimos aqueles que se rebelam contra os pais e no entanto aqui a lógica é inversa.) Há pouco dinheiro, logo há pouco tempo, logo… não interessa filme haverá certamente. O espírito cormaniano prevalece(u) em alguns deles.
No longínquo ano 2000 existe uma corrida de carros marados que atravessa de lés a lés os E.U.A. Da costa este à costa oeste os cinco concorrentes disputam a liderança na prova e a devida saudação presidencial. Pelo meio podem angariar pontos atropelando pessoal (como aquele jogo de computador, sabem, aquele que surgiu algures nos anos 00.) Pois bem, nesse ano 2000 este é o desporto com maior audiência a nível mundial (ou não fossem os E.U.A. o mundo), o que faz com que os rebeldes franceses o queiram sabotar, sob o pretexto daquilo ser um jogo amoral. Melhor: o presidente e os media americanos ignoram as suas represálias, ou seja, nada fazem para as impedir.
Paul Bartel filma essa corrida disparatada como uma sátira política e social enraizada na cultura de entretenimento americana de então (agora ela assume outros contornos), fazendo um filme de entretenimento. E aqui, quanto a mim, reside a inteligência (e na verdade, de certa forma, o descomprometimento) deste projecto de Bartel. Ele vai jogar com várias referências dessa cultura de entretenimento americano (os desportos motorizados, os action movies, o burlesco à lá Chuck Jones e Tex Avery, os conflitos internacionais, etc) para construir à nossa frente um Frankenstein (que é aliás o nome da personagem principal interpretada por David Carradine.) Frankenstein esse totalmente desarticulado, com os parafusos à mostra, para que nos entretenhamos a desmontá-lo enquanto o vemos.
Tenho de referir também, para apimentar o vosso interesse, que anda por aqui um Sylvester Stallone, em início de carreira, e pelo menos quatro gajas boas (e algumas delas mostram os rabos&mamas.) E Simone Griffeth é nome para estar na ponta da língua.
Se ainda não se convenceram devem ter algum tumor a afectar-vos a cachimónia… mas aqui ficam outras dicas: os fãs das Wacky Races, da dupla Hanna-Barbera, devem delirar com isto; e o… (já arranjaram adjectivos para isto?) Escape from New York de John Carpenter deve ter brotado daqui.

2 comentários:

The movie_man disse...

Pois é, mais um filme que aqui o zé te arranjou. Sim, wacky races anda por aqui e sim, o poupar e as lições do mestre Corman por cá andam. Um must-see, sem dúvida.

JoÃoP disse...

E de novo um bem-haja pelo aluguer, zé.