Um elenco formidável, Eleanor Parker como Marie Allen, Agnes Moorehead como Ruth Benton, directora da prisão, Betty Garde como Kitty Stark, e Hope Emerson como Evelyn Harper (tremendo papel de megera carcereira), num filme que toca em feridas difíceis de sarar numa sociedade que não sabe lidar com os excluídos (e qual é que sabe?). Todas elas, as personagens, excepto uma, a megera, partem do ponto a para o z, tal a distância que separa as incertezas inicias das certezas finais. A megera (continuo a chamá-la assim porque, para além de ser o termo correcto, foi por ela que se incluiu o filme no ciclo “Megeras no cinema” na cinemateca) é a única que sem ilusões tenta sufocar a liberdade das outras (com uns arranjinhos por fora) de modo a mantê-las na ordem.
É de assinalar o papel do homem no filme, que fisicamente é quase inexistente – só nos aparecem nas figuras dos gangsters finais são de papelão, mas taxativas, e nos superiores da directora Ruth Benton, que pouco fazem para a ajudarem a manter a ordem. São eles que, quando nomeados, levam com as culpas. Foram eles, por diversos motivos, que as puseram lá dentro, é a eles que Evelyn Harper se socorre quando vê o seu emprego em perigo (apesar das tentativas de Benton em despedi-la), são eles que põem Benton entre a espada e a parede em diversas situações. Apesar dali dentro aquilo ser um “women’s world” é esclarecedor que lá fora o estigma “it’s a men’s world” permanece e sufoca-as. Como responderia a directora no final, após vê-la partir no carro com quatro gangsters, à pergunta de uma funcionária sobre o que faria ao processo de Allen, “Keep it. She’ll come back.”
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