segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Jôi-uchi: Hairyô tsuma shimatsu (aka Rebellion) – 1967

Masaki Kobayashi é um dos mais conceituados realizadores do sol nascente, no entanto, só à coisa cinco/seis dias, se deu a minha entrada nos seus filmes. A primeira parte do filme não me agradou (mas isto ocorre-me muitas vezes nas primeiras visões de vários filmes, sabem como é, o nosso batimento cardíaco não acompanha o sincopar do filme.) Parte essa que se ocupa de desvelar lenta e parcimoniosamente o enredo. Como o melhor jogo de xadrez, tudo se tenta encaixar, ocupar e aniquilar sem se tocar. Chegados ao final, tudo se encurrala, tudo se asfixia e tudo implode (há demasiado silêncio incomodativo para que haja uma explosão.) Como não esperava aquela lentidão inicial “tive” que adormecer uns cinco/dez minutos a meio do filme para, à alerta, assistir à perfeita meia hora final. A história, em traços gerais, com compreensíveis buracos, é qualquer coisa como isto: Isaburo Sasahara (o grande Toshirô Mifune), experiente samurai, é pai de Yogoro (Takeshi Kato), que se casa, com a outrora concubina do filho de um senhor feudal, Ichi (Yôko Tsukasa). Casamento esse que dá origem a uma filha Tomi. Certo dia o filho do senhor feudal morre, o que faz com que Tomi, primogénita, seja a herdeira natural do trono. Ichi e Tomi são arrancadas à família Sasahara para cuidarem da sucessão destinada. Isaburo e Yogoro não aceitam essas ordens, mas numa fase inicial cedem-nas, e rebelam-se contra os superiores hierárquicos. Assim é. Certa altura, quando já ninguém quer dar o braço a torcer e a honra consome os juízos, o bando de samurais do senhor feudal cerca a casa dos Sasahara e tudo implode. Yogoro e Ichi morrem abraçados, um ao outro, por amor. Isaburo como genial esgrimista que é consegue eliminar toda a frota de samurais (que em tempos treinara) e foge com a neta Tomi para a fronteira. Na fronteira encontra um dos seus mais fiéis súbditos que, sendo guarda fronteiriço, não tem alternativa senão enfrentá-lo: filmou-se aqui um dos mais belos combates que alguma vez vi. Depois surgem os balázios no silêncio do descampado. Espingardas atrás dos arbustos rebentam a pólvora, enchem o silêncio de estrondo, matam Isaburo, deixam Tomi só.
Isabura exalando gritos de desespero, pede a quem de comando, que cuide de Tomi. Assim acontece, a ama, que cuidara de Tomi, na ausência temporária da sua mãe, aparece (como e porquê nunca nos é dito nem mostrado), pegando-a ao colo e… Fim.

Se não se convenceram da essencialidade deste filme é porque, e só porque, eu não tenho trinta avos do talento necessário para escrever algo justo em relação a ele.

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