Não sendo um conhecedor exemplar (que raio de palavra que fui arranjar… que se lixe) de obras cinematográficas históricas no geral, nem da obra de Milos Forman em particular, e ao contrário dos clamores de alguma crítica nacional, eu achei estes fantasmas bem interessantes. De Forman só conheço o comovente Man on the moon e o muito sobrevalorizado One flew over the cuckoo’s nest. Portanto dele poucos juízos posso formar apesar da alta reputação que goza como realizador. Mas indo somente pelo filme…Que não sendo, nem será certamente um dos meus eleitos nas finais lista da praxe (aqueles balanços que se fazem, quando pouco se tem a fazer… balanços esses que, de tal forma balanceiam, acabam por não ter qualquer sentido para além do prazer ridículo que proporcionam), não deixa de ser um filme com algumas subtilezas que me agradam. Numa coisa estou de acordo com algumas críticas que li, as actuações de dois protagonistas não são convincentes. Stellan Skarsgård e Natalie Portman (esta, com muita pena minha, sai-se muito mal por vezes) acabam, em muitos dos seus momentos, por me defraudar. Distraí-me, saí do filme, que como é óbvio tem claras pretensões de rigor.
Mas apesar disso, que não é pouco, a reconstituição histórica do filme parece-me ser muito bem conseguida. Os dramas nele vividos entrelaçam-se muito bem narrativamente. E é nesse entrelace, ou nessa forma de entrelace, que mais interesse lhe acho. Apesar do título, inicialmente, nos fazer crer que vamos ver um biopic de Goya (Stellan Skarsgård), acabamos é por ver um filme alicerçado naquela personagem mas que em ambos os lados carrega dois fantasmas, Lorenzo (Javier Bardem, de se lhe tirar o chapéu) e Inés (Natalie Portman), com tanto protagonismo quanto ele. Como se Goya fosse o centro de uma balança de pratos e os outros dois, ao seu olhar (como fantasmas), criassem e arruinassem o seu equilíbrio. Goya é portanto, e não mais, que uma de três personagem que, sem peso na narrativa (isto é, o fluxo histórico passa por ele sem o alterar), soçobra somente perante os desequilíbrios dos dois fantasmas que o rodeiam (há um terceiro que surge no terceiro terço do filme, Alicia (também Natalie Portman, infelizmente, mas faz sentido), com outro peso e que também lhe dará outro rumo). E daí até achar excelente aquela elipse temporal de alguns anos (15, se não estou em erro), que narrativamente parece vir a martelo mas que faz algum sentido visto assim. Após o desaparecimento de Lorenzo, e a prisão de Inés, restitui-se o equilíbrio a Goya: Fade out. Fade in: O equilíbrio desfaz-se quando o retornado Lorenzo vem abrir as portas, que encarceraram Inés, voltando com ele os jogos de balança. Que, de novo, só se equlibrará (quebrará?) com o seu linchamento público.

Agora atinem-se e, em vez de andarem à caça do próximo blockbuster em cartaz, vejam é filmes como este que ninguém vos levará a mal. É certinho que no dia seguinte não andarão discutir se… ou melhor, a falar mal do facto da galinha da vizinha ser mais gorda que a vossa, pois ainda andarão hipnotizados com those bottomless eyes.






É de assinalar o papel do homem no filme, que fisicamente é quase inexistente – só nos aparecem nas figuras dos gangsters finais são de papelão, mas taxativas, e nos superiores da directora Ruth Benton, que pouco fazem para a ajudarem a manter a ordem. São eles que, quando nomeados, levam com as culpas. Foram eles, por diversos motivos, que as puseram lá dentro, é a eles que Evelyn Harper se socorre quando vê o seu emprego em perigo (apesar das tentativas de Benton em despedi-la), são eles que põem Benton entre a espada e a parede em diversas situações. Apesar dali dentro aquilo ser um “women’s world” é esclarecedor que lá fora o estigma “it’s a men’s world” permanece e sufoca-as. Como responderia a directora no final, após vê-la partir no carro com quatro gangsters, à pergunta de uma funcionária sobre o que faria ao processo de Allen, “Keep it. She’ll come back.”



A grande pedra no sapato do filme, e é de facto grande, é as referências estarem ainda demasiado evidentes. David Lynch (realizador de narcóticos pesadelos) e Sud Pralad (aka Tropical Malady), de Apichatpong Weerasethakul (sim, muito por causa dos tigres, mas não só), são duas referências que me parecem estar no seu cerne, o que o debilita um pouco, não só por não estar ao nível delas mas porque aqueles universos são de tal forma pessoais e genuínos, que se tornam de difícil apropriação. Apesar disso o filme consegue dar-lhes alguma “coerência”, intriga e sensualidade, típicas da cabeça fervilhante de um rapaz em crise de identidade sexual, logo pessoal. 

Se não se convenceram da essencialidade deste filme é porque, e só porque, eu não tenho trinta avos do talento necessário para escrever algo justo em relação a ele.







Tex Avery:
Tex Avery:
Tex Avery:
Tex Avery:
Só agora estou a prestar a devida atenção a ‘isto’. E rai’s o partam o génio dele, Tex Avery (pelo menos neste episódio), reside na mestria em como coloca a mesma ‘histérica!’ piada em n sequências sem nunca perder a frescura.



É um facto: perdeu-se, de vez, o incontrolável misantropo do primeiro filme. Contudo é certa a excelência de
Este é um excelente plano, os homens da esquerda chantageiam os da direita, reparem na posição do tigre no painel. Mas quem é que sai literalmente por detrás dele?


Olhai-as a discutir fervorosamente os assuntos político-militares externos das Américas (questões de armamento e afins.)

Ainda que chegado com imenso atraso Mysterious Skin não deixa de ser mais um arremesso de kaka para a face dos que gostam de afirmar que na, so called, silly season nada de jeito se estreia.