quinta-feira, 18 de outubro de 2007

The Lookout – 2007

Ainda não é desta que o actual cinema independente americano me satisfaz. Scott Frank, que já escreveu alguns argumentos interessantes, parece querer seguir o caminho trilhado por alguns dos seus colegas indies. Caminho esse que, não querendo generalizar, parte invariavelmente do mesmo princípio (o adolescente inadaptado) e quase sempre chega ao mesmo fim (a reconciliação familiar). Este modelo parece-me ter explodido (porque é sempre difícil descortinar origens) com Donnie Darko e, de enxurrada, arrastou todo esse género de cinema. Devo dizer que não sou grande fã de Donnie Darko (apesar de recentemente ter visto a versão director’s cut e ter melhorado a minha opinião sobre ele) e, se calhar, é muito por causa disso que acho (quase) todos estes filmes indies desinteressantes. Brick, Chumscrubber, Thumbsucker, Me, you and everyone we know, Little miss sunshine, etc todos me passaram ao lado. Talvez dos mais recentes só The squid and the whale me surpreendeu. Este The lookout, não sendo mau de todo, acaba também por não estar ao nível que esperaria (mas quem me manda esperar algo?)
Ao contrário da geração de 90 (Spike Lee, Quentin Tarantino, Wes Anderson, Hal Hartley, Larry Clark, etc, que se caracterizavam por ter um cinema extremamente pessoal, cinéfilo, é certo, mas quase intransmissível) esta geração está mais interessada em olhar para o alheamento dos jovens indivíduos como algo trágico (os de 90 não eram tão pessimistas). Apesar disso nenhum deles chega aos limites formais, abstractos e sem ponta de julgamento de um Larry Clark ou um Gus Van Sant, pois estão mais interessados em integrar nos seus filmes um enredo intricado e cheio de complexidades que acabam por se desviar do essencial.

Chris Pratt (Joseph Gordon-Levitt, que já é uma confirmação, é com Jeff Daniels o melhor do filme) foi uma popular figura na sua escola e foi também o culpado de um grave acidente de viação, onde morrem dois seus amigos e deixa mutilada a sua então namorada. Anos mais tarde encontramo-lo incapacitado psicologicamente (tem perdas de memória, não consegue efectuar determinadas tarefas rotineiras, etc) dependente monetariamente, a contra gosto, da sua rica família. Vive com um amigo cego (Jeff Daniels), que é o seu suporte moral diário, e vive à conta de um trabalho de vigilante num banco no meu do nada. Certo dia vê-se envolvido numa complexa trama que envolve um punhado de personagens bizarras, um assalto ao “seu” banco e outras coisas desinteressantes (nota-se claramente que aqui o argumentista Scott Frank se sobrepôs ao cineasta.)
É claramente aí que a minha afinidade com o filme falha, porque a certa altura é forçada a entrada da intriga hollywoodesca (e aqui se vê a clara diferença entre a geração anterior dos independentes e a actual, que muitas vezes, têm a chancela dos grandes estúdios americanos… porque afinal estes filmes sempre têm um mercado.) Numa época em que as reflexões de Gus Van Sant e a implacabilidade moral de Larry Clark ditam regras, aquilo tudo soa-me a conversa da tanga.

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