
Mas como disse primeiramente não desgostei do filme. Ao contrário do Cube - anterior filme de Natali, que, quase aposto, originou a ainda mais abortiva série Saw, e daí o meu preconceito inicial – o enredo tem alguma piada. Não querendo explicar os quiproquós da narrativa – sabem é daqueles sci-fis que está sempre a revolver-se, é isto, é aquilo é aqueloutro –, que até poderei não ter assimilado completamente, uma coisa clara sobressai dele. Morgan Sullivan (Jeremy Northam) é um homem inicialmente estafado com a sua vida caseira (a mulher é o homem lá de casa) que, ao longo do filme, vai mudando de pele, tornando-se num gajo cool (toda a alminha cinéfila sabe o seu sinónimo: agente secreto) que no final fica com a amante, ou melhor, com a mulher dos seus sonhos. Basicamente o filme é isto: a concretização do sonho de um gajo de meia-idade. Aquelas historietas das corporações secretas que controlam toda a sociedade, o ser-se Sullivan depois Tugsby depois o que quer que seja, é tudo conversa da treta porque não há tempo, nem vontade, para as explorar convenientemente. E ainda bem que não há porque Natali parece não ter estofo para tal. E portanto fiquemo-nos pelo mais simples, e o melhor do filme, repetindo: Sullivan, homem de meia-idade, vai-se ver livre dos seus pesadelos, e da “pain in the neck”, que é a megera caseira para ir ter com a mulher do iate.

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